Qual a coisa qual é ela que é vermelha e joga no branco?
Oh! Bolas! Já dei a resposta no título!
Ironias à parte, devo confessar que na minha opinião, e de mais uns quantos milhares de pessoas por esse mundo fora, José Saramago é um dos melhores autores contemporâneos do nosso Portugal (mesmo morando em Espanha - perdoamos-lhe a heresia - aliás o Durão já lhe pediu desculpas, penso que aconselhado por Manuela Ferreira Leite, que viu aqui um bom contribuinte para os cofres portugueses).
Bom, mas tirando o ser vermelho, herege e, por vezes, pouco ortodoxo, ele tem a sapiência dos antigos e uma escrita que está para os livros como os pastéis de nata estão para os bolos, devora-se com avidez.
Aliás, no top dos livros que mais gostei de ler está o Memorial do Convento, suficiente, na minha modesta opinião, para justificar o Nobel.
Somos transportados para Lisboa e Mafra do século dezoito, meio século antes do terramoto, acompanhados por Blimunda Sete Luas, que vê mais do que nós todos, por Baltazar Sete Sóis, que é maneta como Deus e já voou, pelo padre Bartolomeu, o voador, que inventou a passarola, por D. João V e o ouro do Brasil, por um povo miserável e um país esbanjador. Assistimos, em directo, à construção do Convento de Mafra, aos Autos de Fé e aos erros do passado que condicionaram o nosso futuro.
Um livro excelente, uma escrita inteligente, no qual apreciei, sobretudo, as ilações e deduções do autor.
Já por várias vezes tinha tentado ler Saramago, mas cada vez que olhava para aquelas páginas repletas de letras, sem espaços em branco (e sem figuras, diz a loira), apavorava-me com medo do tédio.
Mas o que as editoras deviam explicar é que o senhor poupa espaço para nos dar mais alimento. É tal a sofreguidão com que se lê, que as duzentas e tal páginas (que com pontuação convencional iam aí para as 400) parecem cem.
Depois desse já li outros do mesmo autor e de cada vez me surpreendo.
O útlimo ainda não li, mas devo-vos dizer que, para além de um grande escritor, ele é um óptimo estratega de marketing.
Com esta história toda do voto em branco, o homem conseguiu, mais do que nunca, divulgar a sua última obra e, possivelmente, arranjar um lugarzinho lá no PE.
Mas, ó senhor Saramago, um lugar de deputado europeu é bem pago, e juntando aos seus direitos de autor isso deve dar uma pipa de massa, não?
Veja lá, veja lá, tome cuidado, olhe que os seus camaradas ainda o vão chamar de capitalista!
Quem o avisa sua amiga é!
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