abril 21, 2004

Bu(r)rocracias

Por mera coincidência, dei comigo defronte de um formulário do nosso querido, estimado e caro (no verdadeiro sentido da palavra) Ministério das Finanças, respeitante à Contribuição Autárquica.
Para além das inúmeras informações requeridas, as quais nem o mais bem formado engenheiro ou arquitecto conseguiriam responder de fruste, uma secção de cruzinhas.
Alto lá! Se são cruzinhas já é mais fácil! Pensa o comum dos mortais, mas a coisa não é assim tão simples, ou não estivesse eu aqui a gastar o meu tempo e o espaço navegável com estas palavras.
Pois de facto na tal secção de cruzinhas surge esta inegável charada, própria de mentes perversas, como devem ser as das pessoas que criam formulários, e muito em especial, formulários para o Ministério das Finanças:


Marque com um X as condições que a sua habitação NÃO POSSUI (assim, em maiúsculas e em bold):

Inexistência de cozinha
Inexistência de rede de esgotos
Inexistência de...
(por aí fora, que nem tenho aqui o formulário para copiar na íntegra)

E a coisa prolonga-se nas secções subsequentes.

Ora pergunto eu, que possivelmente, não tenho inteligência suficiente para compreender uma coisa tão simples (dirão os “fazedores” de formulários):
Não possui inexistência de cozinha??? Ora isto deve querer dizer que não possuindo inexistência, logo possui, não?
Ou então que não possuindo inexistência não possui porra nenhuma? (desculpem-me o calão)
Ou que não possuindo inexistência possui tudo?

Mas porque é que de tão simples se tem que fazer tão complicado?
Para quê a redundância?

Só vejo uma razão.
Para que assim, ninguém perceba puto do que está a preencher, nem os próprios funcionários das finanças (fazendo-os passar por mais estúpidos do que já são, salvo raras excepções).
Para que a "secção" reclamações esteja às moscas.
Para que o Povinho pague a factura mais alto do que devia.
Por acaso até são três razões.

Ou simplesmente, porque o Ministério das Finanças anseia por se transformar naquilo que já é, há muito tempo, para a maioria dos portugueses: o Mistério das Finanças.

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