janeiro 04, 2014

Há uns meses atrás, estive à conversa com um americano de meia idade que esteve hospedado por uns dias no meu Hostel. Um casal simpático, do Arizona, que viajam em veleiro e decidiram parar uns dias em Portugal enquanto o veleiro está a ser reparado em Lagos. Alugaram um carro e aqui vieram ter. Adoraram  Tomar e o meu Hostel. Duas coisas que me agradaram a mim também.
Entre o convite que recebi para os ir visitar ao Arizona, logo que a viagem deles termine (dentro de alguns anos...) e a simpatia que emanam, falámos da vida e de sonhos.
Disse que um dos meus sonhos seria fazer a route 66 atravessando os Estados Unidos. Como o mundo cada vez é mais pequeno e encontramos pessoas de todo o planeta, a casa deles fica a metros da mítica route 66 e como tal estou convidada para me instalar na mesma.
Por muito interessante que fosse a nossa conversa não pude deixar de ficar frustrada a triste com o futuro que me espera. Por muito que me esforce, e tenho esforçado, acreditem, e por muito que as coisas evoluam, não vou ter a oportunidade de ter rendimentos que me permitam, também eu, um dia, viajar pelo mundo como este casal de meia idade apaixonado.
I love my country, disse eu. E amo, é verdade, mas esta relação parece daquelas de "quanto mais me bates mais eu gosto de ti" e eu não sei até quando terei capacidade de aguentar este masoquismo.
Normalmente as pessoas envolvidas em relações desse género, acreditam que um dia o futuro será melhor e que o outro irá mudar e irá ser melhor pessoa e permitir-lhe ter um vislumbre de felicidade. Talvez mais alguns momentos do que aqueles que vivem no presente e viveram no passado com esse outro.
É óbvio que nunca é assim, o outro nunca mudará. A personalidade já está formada. Por muito que se esforce para se adaptar, num momento de ansiedade, de stress, de nervos, de descontrole, voltará a ser ele mesmo.
Assim será talvez também o nosso país. Penso eu. Afinal um país é feito de pessoas, daquilo que são, da terra que cultivam, da cultura que emanam e que lhes foi incutida. Somos todos culpados. Não há inocentes.
E por muito que eu quisesse um amor grande e perfeito, tenho de me resignar e viver esta relação de amor/ódio.