julho 16, 2004

Galeria de Julho - PAUL GAUGUIN (1848-1903)

"Dieu n’appartient pas au savant, au logicien. Il est aux poètes, au Rêve. Il est le symbole de la beauté, la beauté même" (Paul Gauguin)


Paul Gauguin nasceu em Paris, mas viveu os seus primeiros seis anos no Peru. O desejo de conhecer outras terras foi uma constante nele. Na sua juventude percorreu o mundo como piloto de um navio mercante e acabou por assentar, mais tarde, como agente de Câmbio e Bolsa em Paris. Casou-se com uma dinamarquesa e foi pai de cinco filhos.
A sua paixão foi sempre a pintura, da qual se tornou um coleccionista e à qual se foi convertendo cada vez mais.
Discípulo de Camille Pissaro, aos 35 anos, deixa para trás a sua vida de burguês e dá rédea solta ao selvagem que estava escondido no seu interior. O resto da sua vida será um contínuo abandono de família, pátria, amigos e tudo aquilo que não fosse a sua grande obsessão.

Gauguin era um homem de carácter difícil, arrogante e egoísta e tinha uma clara consciência do valor do seu trabalho, a qual o ajudou nos muitos momentos difíceis da sua existência.


Os inícios de Gauguin como pintor datam de 1871 e em 1876, pela primeira vez um dos seus quadros é admitido no Salão Oficial. Nesta época os seus trabalhos respiravam ainda segundo os conceitos impressionistas de Pissaro.



Macieiras de l’Hermitage (1879)

Depois de passar um dos Invernos mais difíceis da sua vida, Gauguin decidiu ir para a Bretanha, onde descobriu, nas paisagens de Pont-Aven e Pouldu as bases de um estilo que depois desenvolveria no Taiti. Durante aqueles anos foi decisiva a sua amizade com o pintor Émile Bernard. Juntos trabalharam um método de desenho baptizado como cloisonnisme, uma pintura de planos sólidos, linhas muito nítidas e massas equilibradas, que mostrava uma forte influência das gravuras japonesas.
Quadros como Vincent Van Gogh Pintando Girassóis (1888), realizado durante a sua tormentosa convivência com o pintor holandês, ou A visão depois do sermão (1888) são obras paradigmáticas desta época.



Van Gogh pintando girassóis (1888)



A visão depois do sermão ou a luta de Jacob com o anjo (1888)



A bela Angela (1889 – Port-Aven)



O Cristo amarelo (1889)


Em 1889, depois de seis anos como artista profissional, está sem dinheiro, vendeu a sua colecção de pinturas impressionistas e quase não vende as suas pinturas.
Farto de tudo decide ir-se embora para o mais longe possível da França, e escolhe o Taiti. com o fim de reunir dinheiro para a viagem organiza um leilão das suas obras, que tem um êxito moderado. De entre os compradores encontrava-se Degas, que comprou A bela Angela. O mais importante deste leilão foram as críticas, que estabeleceram uma ligação entre as ideias de Gauguin e as dos escritores simbolistas, que o consagraram como líder pictórico do movimento.
Excepto um interlúdio em França entre 1893 e 1895, Gauguin passou o resto da sua vida no Taiti e nas ilhas Marquesas.

Embora a sua estadia na ilha de Taiti não fosse de todo bucólica, aqui teve a oportunidade de se converter no colorista que levava dentro de si.
Os seus vermelhos e os seus azuis, os púrpuras e os amarelos, coexistem sem beligerância uns com os outros. Os registos de cor já não são fruto da sua imaginação, mas estão baseados na observação real.



A Orana Maria (1891-1892)



Na praia (1891)



Te faaturuma (a zangada) (1891)



Nafea Faaipoipo (quando te casarás?) (1892)



Otahi (sozinha) (1893)



Te Nave Nave Fenua (Terra deliciosa) (1892)



Vahine no te Miti (a mulher do mar) (1892)

Depois de dezoito meses passados em França, onde as suas pinturas foram muito mal acolhidas, Gauguin decide voltar definitivamente ao Taiti. Aí e mais tarde nas ilhas Marquesas, pintará as suas últimas obras mestras.

Entre elas encontra-se o quadro imenso que ele via como uma reflexão sobre o destino humano e sobre a sua pintura :



De onde é que nós vimos? O que é que nós somos? Para onde é que nós vamos? (1897)



Banhistas (1897)



Te rerioa (o sonho) (1897)


Baseando-se em elementos do folclore da ilha, obcecado pelas coisas que observava, mas tentando ir para além das mesmas, Gauguin cria um estilo complexo que compõe um simbolismo pictórico de nova criação.

Quando Gauguin morreu nas longínquas ilhas Marquesas, poucos se deram conta do alcance da sua obra.

Dos Mares do Sul, Gauguin tinha assentado as bases de um estilo novo, vigoroso e original que iria para além da sua época.


Sites a explorar:

ArtCyclopedia
Webmuseum
Paul Gauguin - wanadoo
CGFA



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