junho 09, 2004
Morte na Arena
Parlamento Europeu
Hesitei muito sobre a edição deste texto. Não sabia se deveria ou não falar aqui, no meu inofensivo blog, de política, embora já tenha aflorado o assunto em posts anteriores.
Porém a morte estúpida, nua e crua, revolta-me sempre. E independentemente da cor política da pessoa que faleceu, tenho que me revoltar contra a ignomínia da morte.
Morte, que neste caso não conseguimos dissociar da política, do jogo sujo, da troca de insultos, da vergonha que tem sido esta campanha eleitoral.
Terá valido a pena?
Os que ontem o criticaram hoje irão chorá-lo por certo, mas tudo isto é jogo, tudo isto é política. Os valores perdem-se na corrida ao voto.
Quando pretendemos ouvir ideias, decidir o nosso voto, ouvimos deslustres, conspurcações.
O povo não é estúpido ao contrário do que pensam muitos dos pseudo-políticos-intelectuais. O povo sabe o que quer. O povo quer saber o que lhe querem dar.
Não estamos num jogo de bola onde o insulto ao árbitro é o mais barato. Onde as pobres progenitoras, que certamente não decidiram pela carreira do filho, são as mais insultadas.
Aqui não estão em jogo pontos num campeonato. Aqui estão em jogo futuros, decisões que condicionarão a nossa própria vida.
A tão proclamada abstenção, ganhará as eleições, certamente. Mas a culpa não será do povo ignorante, mas sim dos políticos sem causa, dos políticos cujos discursos não vão para além do ataque mesquinho às aptidões físicas dos que jogam na equipa contrária.
Na falta de ideias, fazem-se críticas medíocres.
Apesar de tudo, eu, dia 13 de Junho, irei votar, porque tenho consciência que só votando poderei dar a minha opinião. Só escolhendo poderei depois criticar.
Espero que o trágico acontecimento desta manhã, sirva de volte face para esta campanha. Que a dignidade do momento, o decoro que se espera, sirva para acalmar as hostes e para termos, finalmente, uma campanha digna de Portugal e dos portugueses.
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