junho 11, 2004

Galeria de Junho - PABLO PICASSO (1881-1973)



Ninguém duvida que Picasso é o pintor mais importante do século XX, porém a obra de Picasso não ocuparia o lugar que ocupa se a todas as suas indubitáveis qualidades, não se juntasse o ter esvaziado o caminho que a pintura moderna vinha seguindo, pelo menos desde Manet e os impressionistas. O objectivo era encontrar um método de representação da realidade no quadro, coerente com a condição superficial do mesmo. Esse passo foi dado, precisamente, por Picasso.


Pablo Ruiz Picasso, nasceu em Málaga numa família vinculada à pintura. O pai, José Ruiz Blasco, ganhava a vida como professor de Desenho, primeiro em Málaga e depois na Corunha e em Barcelona.
Embora já na cidade galega tenha começado os seus estudos de Belas-Artes, foi em Barcelona, para onde a família se mudou em 1895, que completou a sua formação e iniciou a sua carreira de pintor.
Depressa se manifestou a excepcionalidade dos seus dotes artísticos, e a menção honorífica obtida por Ciência e Caridade, em 1897, parecia ssegurar-lhe um brilhante futuro como pintor académico.


Ciência e Caridade


Longe de seguir esse caminho Picasso integra-se na boémia barcelonesa de princípios de século. A capital catalã era então um centro artístico de grande vitalidade.
Picasso frequenta a cervejaria 4 Gats, onde conhece todos os artistas catalães dessa época.



Gravura do Bar 4Gats, em Barcelona


Em 1900 viaja pela primeira vez a Paris. Um ano depois faz a sua primeira exposição francesa e em 1904 instala-se no mítico Bateau-Lavoir de Montmartre, onde coabitou com outros grandes nomes da pintura.


Picasso no seu atelier de Bateau-Lavoir


Aqui viveu a primeira fase da sua obra, os chamados períodos azul e rosa, que se prolongam até 1906.

O interesse pela escultura ibérica e pelas máscaras africanas do Museu Trocadero indica uma nova evolução nas suas obras de 1906.
Nesse ano e no seguinte trabalha em As Meninas de Avinhão, ponto de partida para o cubismo.


As Meninas de Avinhão



A etapa de formação da linguagem cubista é quase uma história privada urdida em conjunto por Braque e Picasso. Só um grupo restrito de amigos, quase todos escritores, como Apollinaire, tiveram acesso a ela.

Os quadros de Picasso até 1909 continuam a ter uma clara preocupação com a forma, perfilando e regularizando os volumes.
Seguindo a lição de Cézanne, a pincelada ganha um valor, antes de tudo, construtivo, daí que Picasso renuncie aos contrastes de cor e os quadros tenham esse ar característico de herméticos tons cinzentos.


Menina com bandolim


Em 1912, a linguagem cubista já estava suficientemente madura para reproduzir a realidade mediante processos não naturalistas. O passo seguinte será dado ao incorporar um pedaço de vime numa pintura que representa uma natureza-morta. Nascem, assim, os papiers collés, primeira manifestação de collage, que admite a aplicação na tela de qualquer material estranho à pintura.
Este é outro contributo do cubismo para a arte moderna.
A pintura transforma-se num objecto, um elemento dotado de especificidade e autonomia.


Garrafa de "Vieux Marc"



Se o quadro admite diferentes materiais e texturas, pelas mesmas razões pode admitir o contraste de cor, assim, entre 1914 e 1921, os quadros de Picasso exibem uma rica paleta.
O cubismo encerra o seu ciclo e fica totalmente construído como linguagem artística de valor universal.

Depois da I Guerra Mundial, a cena artística parisiense, durante alguns anos regressa aos seus valores tradicionais, a que Picasso não é alheio. Assim, entre 1917 e 1923, alternando com os quadros cubistas, Picasso pratica um certo classicismo mediterrânico que recupera o seu antigo interesse pela forma em termos quase escultóricos. Nos finais da década de 20 e começos da década de 30, introduz elementos fantásticos nesse tipo de espaços pictóricos convencionais.


Banhista com bola de praia



Para os artistas espanhóis residentes em Paris, como Miró ou Picasso, as décadas de 30 e 40 são uma etapa de emoção contínua devido à guerra civil e à II Guerra Mundial. O apoio de Picasso à legitimidade republicana em Espanha aumenta a sensibilidade do pintor ao pulsar do seu tempo, que já mostrara de outras maneiras desde a sua juventude.
Os recursos do cubismo, como a sobreposição do rosto de frente e de perfil, são aproveitados agora com critério expressionista para evocar os monstros do horror bélico.
O eixo desta etapa é Guernica, pintado sob a emoção do bombardeamento devastador da pequena vila basca pela Legião Condor alemã.


Guernica



De entre a abundante produção picassiana do pós-guerra, duas séries de quadros ligadas entre si resultam especialmente significativas: Os Ateliers, de 1956 e As meninas, de 1957. Poucas vezes Picasso se entregou de forma tão concentrada ao puro prazer da pintura, demorando-se na vibração da cor sobre a tela.


Atelier de Cannes



Os últimos anos da vida e a obra de Picasso legaram à posteridade a ideia de uma vitalidade lendária, difícil de imaginar num homem que morreu com noventa e dois anos. A sua produção entre 1960 e 1973 é muito extensa e abrange todas as disciplinas, desde a gravura em linóleo e a água-forte até à pintura de cavalete e à escultura.
O denominador comum é a liberdade de execução e o liberalidade de géneros e maneiras.

O virtuosismo que acompanha Picasso desde os seus juvenis ensaios académicos, traduz-se agora numa autêntica celebração da pintura em si mesma.


Sites a consultar:

  • on-line Picasso Project

  • Artcyclopedia

  • Pablo Picasso: le site officiel

  • The Time 100

  • Picasso

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