O Rio de Janeiro está em guerra.
Lula anunciou o envio de tropas para a cidade, com o objectivo de conseguirem acabar com a guerra instaurada entre as favelas Rocinha e Vidigal.
Nem tudo são novelas no Brasil. Aliás, a novela é apenas um sonho utópico que os brasileiros gostariam de viver.
O Brasil real é muito diferente daquele Brasil cosmopolita, moderno e avançado que os autores das ditas nos querem mostrar.
A miséria, a falta de tudo, é uma constante na vida da maioria dos brasileiros.
E as favelas são o exemplo crasso de que é mesmo assim.
Os nossos bairros de lata, comparados com a anarquia vivida nas favelas brasileiras, de milhares de habitantes, são condomínios fechados de regrado luxo.
Nunca estive no Rio de Janeiro, a não ser em trânsito, portanto não sai do aeroporto, mas já estive no Norte e no Sul do Brasil, e acho que consigo ter uma ideia de como vive aquele povo.
É, realmente, um país de extremos. Em que na mesma rua convive um Centro Comercial três vezes superior a um Colombo, com barracas sem condições onde vivem famílias numerosas. É um país de paradoxos.
É um país lindo, cheio de recursos, mal aproveitados.
Um país de, aproximadamente, 200 milhões de habitantes, que nós nos fartamos de gabar pela sua beleza natural, e que não consegue ter mais de 5 milhões de turistas estrangeiros, quando nós, um país de 10 milhões, conseguimos ter 12 milhões de visitantes.
Parece mentira, não é?
Ao acompanhar estas notícias, da guerra entre traficantes, das favelas Rocinha e Vidigal, não posso deixar de pensar no filme de Fernando Meirelles, Cidade de Deus, que vi há pouco tempo. Fiquei impressionada com a violência, com a realidade nua e crua do filme. Aquele sim, é o Brasil dos brasileiros. Não de todos, felizmente. Mas de uma parte deles.
A droga, as armas, a violência, a miséria, convivem com a solidariedade, a amizade e a honestidade do povo brasileiro.
Quando vimos filmes assim, que são autênticos documentários, pensamos:
mas, quem é que alguma vez conseguirá por cobro a isto? Quando é que, alguma vez, alguém conseguirá endireitar a vida dos brasileiros?
O Lula? Coitado! Nem ele, nem dez iguais a ele!
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