A vida é feita de pequenas coisas às quais nos aconchegamos, como a uma colcha de lã no Inverno. Com um gesto não pensado, mas instintivo, puxamo-la para cima das pernas quando o frio nos desconforta. Coisas, objectos da nossa envolvente, com os quais nos cruzamos diariamente e que imaginamos, inconscientemente, não fazerem parte de nós. Que estão ali, simplesmente, porque é ali o seu lugar. Porém, no encalço de algo mais para além do que verdadeiramente existe, apercebo-me que aqueles objectos ali depositados no meu trajecto de vida, de dia-a-dia, fazem de facto e sem qualquer incerteza, parte do meu ser. Senão, não sentiria esta tristeza autêntica, por ter visto ontem a ser delapidada, tronco a tronco, ramo a ramo, folha a folha, seiva a seiva, uma das árvores que eu mais admirei neste trajecto de vida. Uma árvore centenária, ou talvez até milenar. Quem sabe? Uma árvore solitária no meio do betão da cidade que, provavelmente, não suportou mais o isolamento e as suas raízes desistiram de procurar sustento.
Morreu de pé, na sua majestade e de pé foi a enterrar.
Morreu de pé, na sua majestade e de pé foi a enterrar.
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