Cidade de Tomar
Enquadramento
Urbano, planície. Cruzada pelo rio Nabão no sentido E. / O. e dominada a N. pelo monte onde se ergue o Convento de Cristo (141812002) e o Castelo (141812006), o seu núcleo antigo implanta-se maioritariamente na margem direita do Rio Nabão, o núcleo mais recente na margem oposta.
Descrição
ESTRUTURA URBANA: Núcleo antigo - planta ortogonal, com os eixos viários dispostos paralelamente às 2 vias principais perpendiculares, a R. Serpa Pinto (antiga Corredoura) e as R. Silva Magalhães e Infantaria 15 (antiga R. Direita). Núcleo moderno - o mesmo tipo de planta com os eixos viários paralelos às 2 principais ruas que se cruzam na perpendicular - R. Marquês de Pombal e Av. Ângela Tamagnini.
TECIDO CONSTRUÍDO: como núcleo polarizador no desenvolvimento da estrutura urbana da povoação o edifício dos Paços do Concelho (141812021) e a Igreja de São João Baptista (141812004), dos 2 lados da Pç. da República, onde se unem as 2 principais vias - R. Serpa Pinto e antiga R. Direita (Silva Magalhães e Infantaria 15). - A O. da Pç da República e implantados no morro o Convento de Cristo (141812002) e o Castelo (141812006); um pouco mais abaixo, na mesma colina, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (141812005); no prolongamento da R. Infantaria 15, do lado S., na extremidade da Várzea Grande, o Convento de São Francisco (141812023); mais para S., junto à saída da povoação desse lado, a Capela de São Lourenço (141811010); do lado oposto, no prolongamento da R. Silva Magalhães, do lado N., junto à Várzea Pequena, o antigo Convento da Anunciada Nova (141812033); nas imediações, à saída da povoação, a Capela de São Gregório (141812022) e no topo do morro, a NE., a Ermida de Nossa Senhora da Piedade (141812037). Na margem esquerda do rio Nabão, no início da R. Marquês de Tomar, a Igreja e o antigo Convento de Santa Iria (141811009); não muito distante do rio, a O., a Igreja de Santa Maria do Olival (141811003). No núcleo antigo da povoação assinala-se ainda a Igreja da Misericórdia (141812035), na Av. Dr. Cândido Madureira; as imponente arcarias do alpendre dos Estaus (141812017), a antiga albergaria medieval, junto ao curso do rio, no final deste avenida; a Sinagoga (141812011), no coração da judiaria, na R. Dr. Joaquim Jacinto; vários edifícios solarengos e habitações de carácter burguês dispersos pela malha urbana.
Época de Construção
Séc. 12 / 13 / 14 / 15 / 16 / 17 / 18 / 20
Cronologia
1159 - Doação de Tomar aos Templários por D. Afonso Henriques; 1162 - construção do castelo por Gualdim Pais e doação de carta de foral à vila; a povoação desenvolve-se inicialmente na Cerca ou Almedina, intramuros, à sombra de uma 2ª cinta de muralhas entretanto construída, na paróquia de Santa Maria do Castelom, do lado de fora da muralha, na vila de Baixo, na paróquia de Santa Maria do Olival, entre a actual R. da Graça e a Corredoura e ainda a N. do castelo, no arrabalde de São Martinho; com a regularização do curso do rio, a vila cresce para S., para a zona da Ribeira, onde a Ordem tinha já os seus moínhos; aí surgiram os edifícios públicos, no Chão do Pombal; séc. 13 - construção da Igreja de Santa Maria do Olival; 1314 - extinção da Ordem dos Templários; 1319, 14 de Março - instituição da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, integrando os bens da extinta Ordem do Templo; a nova ordem é instalada em Castro Marim; 1357 - transferência da sede da Ordem de Cristo para Tomar; séc. 14 - construção da ermida de Nossa Senhora da Piedade; 1417 - o Infante D. Henrique é nomeado Governador e Administrador da Ordem de Cristo; séc. 15, 1ª metade - construção dos Estaus, junto ao Chão do Pombal, onde existiam os antigos Paços do Concelho, construíndo-se então também, nas imediações, as saboarias e o Hospital de Nossa Senhora da Graça; obras no antigo oratório templário, a Charola, construção dos claustro do Cemitério e da Lavagem, da capela de São Jorge e do Paço; séc. 15, meados - construção da Sinagoga; 1467 - início da reconstrução da Igreja de São João Baptista; 1499 - a população que vivia dentro do castelo é forçada a abandona-lo por determinação régia; 1510 - criação da Misericórdia de Tomar; 1510, 1 de Maio - D. Manuel concede a Tomar foral novo; séc. 15, finais / séc. 16 - 1º quartel - construção da nave adossada à Charola henriquina; séc. 16, 1º quartel - construção da Capela de São Gregório e da Capela de São Lourenço; construção das Casas da Câmara; 1530, 24 de Junho - reforma da Ordem de Cristo por frei António de Lisboa, transformando-a numa ordem de clausura; 1532 - início das obras de alargamento do Convento; 1535 - início da construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição, que parece ter sido pensada como capela sepulcral para D. João III; 1536 - início da construção da Igreja de Santa Iria; 1557 - início da reconstrução do claustro principal do convento de Cristo, interrompida em 1565; 1567 - início das obras da Igreja da Misericórdia; 1567, 22 de Abril - o cardeal D. Henrique concede a Tomar o título de "Notável Vila"; 1573 - conclusão da Capela de Nossa Senhora da Conceição; 1591 - conclusão do claustro principal do convento de Cristo, obras de remodelação da Charola; 1613 - reconstrução da ermida de Nossa Senhora da Piedade; 1618 - construção da Portaria real, casa da escada e sala dos reis; 1625, 7 de Setembro - início da construção do Convento de São Francisco; 1645 - início da construção do Convento da Anunciada Nova; 1672 - construção do hospital da Misericórdia; 1740 - remodelação das Casas da Câmara; 1789 / 1792 - reforma dos Estatutos da Ordem; 1834 - extinção das ordens religiosas; 1844, 13 de Fevereiro - Tomar é elevada a cidade.
Tipologia
Conjunto urbano, composto, arquitectura românica, gótica, renascentista, manuelina, maneirista, barroca, rococó. Planta ortogonal constituída por 2 eixos viários que se cruzam na Pç. da República, a R. da Corredoura e a antiga R. Direita, e várias ruas paralelas (núcleo antigo), repetindo-se do outro lado do rio num traçado idêntico, em função da R. Marquês de Pombal e Av. Ângela Tamagnini. O principal pólo de atracção do crescimento urbano é a Pç. da República da qual parte a principal artéria, a Corredoura, que faz a ligação com o rio e com a margem oposta, onde se desenvolveu a cidade moderna; o rio constituíu o outro polo de atracção, para ele caminhando todas as ruas paralelas à Corredoura. Edifícios solarengos de 2 e mais raramente 3 pisos, com longas fachadas rasgadas no piso nobre por portas-janelas de sacada com guardas em ferro ou por janelas de avental, por vezes com elaboradas janelas de canto, maineladas, por vezes com pátios, para os quais deitam alpendres apoiados em colunas, com acesso por escada exterior; as diferentes épocas de construção (dos sécs. 16 a 18) podem ser referenciadas pelos diferentes enquadramentos dos vãos - em lintel arquitravado simples ou apoiando-se em mísulas envolutadas, balcões com guardas em colunelos de ferro; vãos de vergas em arco segmentar e frontões contracurvados, normalmente com guardas em ferro de motivos fitomórficos, barrocos; alguns ornatos florais misturando-se com concheados identificam um gosto rococó. Os edifícios burgueses, com 2 ou 3 pisos, repetem alguns destes elementos, embora não mostrem portas-janelas com balcões.
Características Particulares
O núcleo histórico da cidade constitui um interessante exemplo de urbanismo medieval nascido sob a égide da poderosa Ordem dos Templários, primeiro, da Ordem de Cristo, depois de 1319 e, certamente por isso, obedecendo a um traçado em malha de xadrês, com ruas paralelas a 2 eixos principais que se cruzam em ângulo recto, na Pç. da República, desenvolvido entre o morro do castelo, onde se ergueu o Convento de Cristo (141812002) e o rio Nabão. No prolongamento dos braços dos 2 eixos principais - a R. da Corredoura e antiga R. Direita, implantaram-se os 4 conventos de Tomar - o Convento de Cristo, Convento de Santa Iria (141811009), Convento de São Francisco (141812023) e o Convento da Anunciada (141812033).
Bibliografia
SOUSA, J. M. Sousa, Notícia descriptiva e histórica da cidade de Thomar, Tomar, 1903; Anais do Município de Tomar, 8 vols., 1941 / 1972; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém, vol. V, Lisboa; KUBLER, George, SORIA, Martin, Art and Architecture in Spain and Portugal - 1500 to 1800, Harmondswarth, 1959; ROSA, Amorim, História de Tomar, 2 vols., Santarém, 1965, 1982; MOREIRA, Rafael, A ermida de Nossa Senhora da Conceição, mausoléu de D. João III, Boletim Cultural e Informativo da Câmara Municipal de Tomar, nº 1, Tomar, 1981; MELA, Romualdo, Ruas de Tomar e a sua Toponímia, Boletim cultural e Informativo da Câmara Municipal de Tomar, nºs. 1 a 12, Tomar, 1981 / 1989; COELHO, Maria da Conceição Pires, A igreja da Conceição e o claustro de D. João III do convento de Cristo em Tomar, Santarém, 1987; CONDE, Manuel Sílvio Alves, Tomar medieval - o espaço e os homens (séc. 14 / 15) (texto policopiado, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa), 1988; AAVV, Imagens de Tomar - roteiro histórico, Tomar, 1990; JANA, Ernesto, O convento de Cristo em Tomar e as obras durante o período filipino (texto policopiado, FLL), Lisboa, 1991.
Autor e Data
Isabel Mendonça 1997
Ligação: www.monumentos.pt
Época de Construção
Séc. 12 / 13 / 14 / 15 / 16 / 17 / 18 / 20
Cronologia
1159 - Doação de Tomar aos Templários por D. Afonso Henriques; 1162 - construção do castelo por Gualdim Pais e doação de carta de foral à vila; a povoação desenvolve-se inicialmente na Cerca ou Almedina, intramuros, à sombra de uma 2ª cinta de muralhas entretanto construída, na paróquia de Santa Maria do Castelom, do lado de fora da muralha, na vila de Baixo, na paróquia de Santa Maria do Olival, entre a actual R. da Graça e a Corredoura e ainda a N. do castelo, no arrabalde de São Martinho; com a regularização do curso do rio, a vila cresce para S., para a zona da Ribeira, onde a Ordem tinha já os seus moínhos; aí surgiram os edifícios públicos, no Chão do Pombal; séc. 13 - construção da Igreja de Santa Maria do Olival; 1314 - extinção da Ordem dos Templários; 1319, 14 de Março - instituição da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, integrando os bens da extinta Ordem do Templo; a nova ordem é instalada em Castro Marim; 1357 - transferência da sede da Ordem de Cristo para Tomar; séc. 14 - construção da ermida de Nossa Senhora da Piedade; 1417 - o Infante D. Henrique é nomeado Governador e Administrador da Ordem de Cristo; séc. 15, 1ª metade - construção dos Estaus, junto ao Chão do Pombal, onde existiam os antigos Paços do Concelho, construíndo-se então também, nas imediações, as saboarias e o Hospital de Nossa Senhora da Graça; obras no antigo oratório templário, a Charola, construção dos claustro do Cemitério e da Lavagem, da capela de São Jorge e do Paço; séc. 15, meados - construção da Sinagoga; 1467 - início da reconstrução da Igreja de São João Baptista; 1499 - a população que vivia dentro do castelo é forçada a abandona-lo por determinação régia; 1510 - criação da Misericórdia de Tomar; 1510, 1 de Maio - D. Manuel concede a Tomar foral novo; séc. 15, finais / séc. 16 - 1º quartel - construção da nave adossada à Charola henriquina; séc. 16, 1º quartel - construção da Capela de São Gregório e da Capela de São Lourenço; construção das Casas da Câmara; 1530, 24 de Junho - reforma da Ordem de Cristo por frei António de Lisboa, transformando-a numa ordem de clausura; 1532 - início das obras de alargamento do Convento; 1535 - início da construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição, que parece ter sido pensada como capela sepulcral para D. João III; 1536 - início da construção da Igreja de Santa Iria; 1557 - início da reconstrução do claustro principal do convento de Cristo, interrompida em 1565; 1567 - início das obras da Igreja da Misericórdia; 1567, 22 de Abril - o cardeal D. Henrique concede a Tomar o título de "Notável Vila"; 1573 - conclusão da Capela de Nossa Senhora da Conceição; 1591 - conclusão do claustro principal do convento de Cristo, obras de remodelação da Charola; 1613 - reconstrução da ermida de Nossa Senhora da Piedade; 1618 - construção da Portaria real, casa da escada e sala dos reis; 1625, 7 de Setembro - início da construção do Convento de São Francisco; 1645 - início da construção do Convento da Anunciada Nova; 1672 - construção do hospital da Misericórdia; 1740 - remodelação das Casas da Câmara; 1789 / 1792 - reforma dos Estatutos da Ordem; 1834 - extinção das ordens religiosas; 1844, 13 de Fevereiro - Tomar é elevada a cidade.
Tipologia
Conjunto urbano, composto, arquitectura românica, gótica, renascentista, manuelina, maneirista, barroca, rococó. Planta ortogonal constituída por 2 eixos viários que se cruzam na Pç. da República, a R. da Corredoura e a antiga R. Direita, e várias ruas paralelas (núcleo antigo), repetindo-se do outro lado do rio num traçado idêntico, em função da R. Marquês de Pombal e Av. Ângela Tamagnini. O principal pólo de atracção do crescimento urbano é a Pç. da República da qual parte a principal artéria, a Corredoura, que faz a ligação com o rio e com a margem oposta, onde se desenvolveu a cidade moderna; o rio constituíu o outro polo de atracção, para ele caminhando todas as ruas paralelas à Corredoura. Edifícios solarengos de 2 e mais raramente 3 pisos, com longas fachadas rasgadas no piso nobre por portas-janelas de sacada com guardas em ferro ou por janelas de avental, por vezes com elaboradas janelas de canto, maineladas, por vezes com pátios, para os quais deitam alpendres apoiados em colunas, com acesso por escada exterior; as diferentes épocas de construção (dos sécs. 16 a 18) podem ser referenciadas pelos diferentes enquadramentos dos vãos - em lintel arquitravado simples ou apoiando-se em mísulas envolutadas, balcões com guardas em colunelos de ferro; vãos de vergas em arco segmentar e frontões contracurvados, normalmente com guardas em ferro de motivos fitomórficos, barrocos; alguns ornatos florais misturando-se com concheados identificam um gosto rococó. Os edifícios burgueses, com 2 ou 3 pisos, repetem alguns destes elementos, embora não mostrem portas-janelas com balcões.
Características Particulares
O núcleo histórico da cidade constitui um interessante exemplo de urbanismo medieval nascido sob a égide da poderosa Ordem dos Templários, primeiro, da Ordem de Cristo, depois de 1319 e, certamente por isso, obedecendo a um traçado em malha de xadrês, com ruas paralelas a 2 eixos principais que se cruzam em ângulo recto, na Pç. da República, desenvolvido entre o morro do castelo, onde se ergueu o Convento de Cristo (141812002) e o rio Nabão. No prolongamento dos braços dos 2 eixos principais - a R. da Corredoura e antiga R. Direita, implantaram-se os 4 conventos de Tomar - o Convento de Cristo, Convento de Santa Iria (141811009), Convento de São Francisco (141812023) e o Convento da Anunciada (141812033).
Bibliografia
SOUSA, J. M. Sousa, Notícia descriptiva e histórica da cidade de Thomar, Tomar, 1903; Anais do Município de Tomar, 8 vols., 1941 / 1972; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém, vol. V, Lisboa; KUBLER, George, SORIA, Martin, Art and Architecture in Spain and Portugal - 1500 to 1800, Harmondswarth, 1959; ROSA, Amorim, História de Tomar, 2 vols., Santarém, 1965, 1982; MOREIRA, Rafael, A ermida de Nossa Senhora da Conceição, mausoléu de D. João III, Boletim Cultural e Informativo da Câmara Municipal de Tomar, nº 1, Tomar, 1981; MELA, Romualdo, Ruas de Tomar e a sua Toponímia, Boletim cultural e Informativo da Câmara Municipal de Tomar, nºs. 1 a 12, Tomar, 1981 / 1989; COELHO, Maria da Conceição Pires, A igreja da Conceição e o claustro de D. João III do convento de Cristo em Tomar, Santarém, 1987; CONDE, Manuel Sílvio Alves, Tomar medieval - o espaço e os homens (séc. 14 / 15) (texto policopiado, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa), 1988; AAVV, Imagens de Tomar - roteiro histórico, Tomar, 1990; JANA, Ernesto, O convento de Cristo em Tomar e as obras durante o período filipino (texto policopiado, FLL), Lisboa, 1991.
Autor e Data
Isabel Mendonça 1997
Ligação: www.monumentos.pt
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