janeiro 27, 2005
DEVOLVAM-ME O MEU PAÍS
Por vezes na vida os caminhos que acalentámos não são os que o bom senso nos recomendaria, mas a vida é isso mesmo, um emaranhado de dúvidas, de surpresas, de boas e más decisões.
Nem sempre queremos aquilo que se revelará ser o melhor para nós, nem sempre escolhemos o que nos trará mais alegria, mas a vida é mesmo assim, um segredo revelado só depois da morte.
Se a esperança de vida para as mulheres em Portugal se mantiver, já vivi quase metade da minha vida. Já vivi quase metade da minha vida activa. É altura de reflectir. Medir os prós e os contras das decisões que tenho tomado, daquilo que tenho produzido, daquilo que tenho criado. E corrigir os erros.
O sentimento que tenho é que não me chega o que atingi até agora. Chamem-me demasiado ambiciosa, não me importo. Sou exigente comigo mesma por natureza, gosto sempre de pensar que posso ser melhor. Mas este sentimento leva-me a uma encruzilhada e à constante sensação de insatisfação. Não compreendo o sentido da frase viver conformado. Vivo cada dia com a esperança de poder chegar mais longe. E não me interpretem mal, não se trata de um sentimento materialista, mas sim espiritual.
Também não sou do género de “doa a quem doer, espezinhe quem espezinhar tenho é que atingir os meus objectivos”. Faço sempre tudo da forma mais diplomática possível, sem ferir susceptibilidades, sem prejudicar “mon entourage”. Mas isto suponho que faz parte da educação que me foi oferecida, e só tenho que agradecer.
É bom morrer e saber que a nossa vida contribuiu também para a felicidade de outras pessoas, que não somos mais um de quem toda a gente fala bem depois de morto, independentemente das atrocidades que tenha feito enquanto viveu.
Quantos dos nossos políticos actuais se podem identificar com estas linhas? Poucos, muito poucos, talvez apenas aqueles de quem se fala menos. Os que, por terem um comportamento correcto, nunca aparecem nas primeiras páginas dos jornais.
Mas esses não são os que se vêm nos cartazes e que em Fevereiro vamos eleger.
Vamos eleger mais um crápula, um agente da classe “doa a quem doer, espezinhe quem espezinhar”.
O facto de saber que esse agente que será eleito, irá contribuir para o desenrolar da minha vida aflige-me. Porque ele directa ou indirectamente será o meio através do qual poderei ou não ter acesso aquilo que mais ambiciono – a Liberdade.
A liberdade de fazer opções, a liberdade de expressar opiniões, a liberdade de trabalhar, a liberdade de produzir, a liberdade de ter orgulho no meu País, no povo ao qual pertenço.
A liberdade abre-nos portas intransponíveis na sua ausência. Mas esta liberdade é sempre condicionada por aqueles que estão no leme dos nossos destinos.
A percepção que tenho é de que a classe política actual pertence a uma geração rasca, tanguista, sem valores. Os seus paizinhos deviam andar demasiado ocupados com os loucos anos 70 de muitas drogas e rock e esqueceram-se de os educar para aquilo que existe de mais importante nas atitudes, o respeito pelo próximo.
Quarentões, filhos de burgueses, habituados a ter sempre dinheiro no bolso, sôfregos de protagonismo e pobres de ideias, que atingiram o topo graças aos padrinhos bem posicionados e aos favores concedidos, cuja imagem ridícula impede aqueles que têm verdadeiro valor intelectual de se mostrarem, com medo de serem misturados no mesmo saco.
Este País está a precisar de uma vassourada, de uma limpeza geral, de uma reflorestação no deserto político que possuímos.
Até lá, não nos resta senão continuarmos a ter uma vida digna dentro daquilo que nos é oferecido pela classe que nos governa.
Proponho uma campanha a favor da vassourada.
O slogan dessa campanha será:
DEVOLVAM-NOS O NOSSO PAÍS E A NOSSA DIGNIDADE!
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