dezembro 22, 2004
Dia de luto em Tomar
Fiquei totalmente consternada quando li hoje no Templário a notícia que não queria ler.
Já há uns tempos que sabia que tal poderia suceder um dia. Aliás, até já tinha trocado algumas impressões com o Hugo sobre o assunto. No entanto, quando hoje li o artigo não queria acreditar.
O Cine-Esplanada, um ícone da minha cidade natal, foi demolido.
Para quem não sabe o Cine-Esplanada foi um cinema ao ar livre, provavelmente dos únicos do país. Estava implantado numa zona de jardins e também isso lhe dava uma atmosfera única, impossível de transmitir por palavras.
Durante a minha adolescência, nos Verões quentes de férias grandes, várias vezes assisti a sessões de cinema naquele local. Era um misto de fantasia, alegria e companheirismo.
Ver filmes a preto e branco e de vez em quando desviar os olhos até ao outro grande ecrã, o céu estrelado, é uma experiência rara, que poucos apenas tiveram o privilégio de experimentar.
Eu sabia que o projecto Pólis previa a demolição do Cine-Esplanada, e mea culpa também se tal, realmente, acabou por suceder.
Os tomarenses com quem falei sobre o assunto, também não acreditavam que tal viesse a acontecer, mas a verdade é que ao contrário de tantos projectos que ficam pelas gavetas da administração, este concretizou-se.
Naquele local de culto, que marcou toda uma geração, será construída uma “praça formalizada com iluminação no nível do pavimento”.
Mas quem é que precisa de praças realizadas segundo as formalidades com iluminação no nível do pavimento? Nós queremos é sítios únicos, autênticos, que nos liguem à nossa terra, que nos relembrem o passado, tempos gloriosos de raras preocupações.
Relembro aqui o que disse ao Hugo quando falámos sobre o assunto:
O Cine-Esplanada recorda-me filmes de Felinni, verões quentes, namoros jovens.
E isso, nenhuma praça pode substituir.
A imagem da desgraça no Templário
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